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Eu, mãe E empreendedora na Irlanda

Eu hoje, sou mãe E empreendedora na Irlanda. Apesar disso, morar fora sempre foi só um sonho, nunca um plano. Estava grávida do meu segundo filho, quando descobrimos que meu marido tinha direito à cidadania europeia. Em menos de 1 ano ele viajou para Itália, vendemos peça por peça da nossa casa – desde sofá a abridor de latas – e nos mudamos. Hoje, há 1 ano na Irlanda, darei um passeio no tempo nesse post. Ou seja, vou relembrar a parte emocional dessa mudança até chegar na minha rotina empreendedora atual. Vem comigo que no caminho eu te conto tudo!

Como tudo começou

Meu marido e eu sempre tivemos vontade de morar fora. Porém, nunca planejamos. Trabalhando como CLT não tinha a mínima chance financeira de deixar o trabalho para fazer intercâmbio ou algo do tipo.

Nossa primeira viagem internacional foi para Buenos Aires. Nos preparamos para os 3 dias de comemoração dos meus 30 anos. A segunda foi quando um amigo muito querido casou de repente com um americano em New Jersey. “Vem para cá, você será minha madrinha, aproveita e faz o enxoval”. Raspei o cofre para 9 dias de sonho realizado, muito acolhimento deles. O casamento foi no civil e emocionante!

Dois anos e pouco depois, entre tentativas e uma perda bem dolorosa, engravidei de novo. Um dia, conversando com uma amiga que estava fazendo intercâmbio na Irlanda, ela me contou que descobriu seu direito à cidadania italiana. Com o dinheiro que juntou trabalhando depois das aulas que dava, ela ficou 3 meses na Itália. Voltou como cidadã italiana e uma semana depois conseguiu uma vaga na sua área, de nutrição.

Quando ela me contou, comentei que os bisavós do meu marido eram italianos. Ela me explicou todos os passos e me encorajou. Cinco meses depois de uma busca desenfreada e cartas chegando da Itália, meu marido estava com todos os documentos que precisava em mãos para ir para a Itália. Faltava só o dinheiro. (“Só!!!”) Fizemos empréstimo pensando, “quando tudo der certo, vendemos nosso apartamento, pagamos e embarcamos.”

Minha menina estava prestes a fazer 3 anos e tínhamos esperança de que meu menino esperasse o papai voltar para nascer!

Houve quem dissesse que não era um bom momento. Porém, a gente sabia que com duas crianças em casa, tudo seria mais conturbado. Dessa forma nosso pensamento era: Momento ideal existe?

Eu, mãe no Brasil

Na primeira semana, minha filha que nunca tinha tido uma gripe sequer, pegou um resfriado daqueles! O mix de pronto-socorro, raio-X, preocupações e recusas para tomar remédios, quase me tiraram do eixo. Chorei, me senti falha. Depois, tonta por chorar e por me sentir falha. Em alguns dias de boa alimentação, inalação, banhos mornos de camomila e descanso para nós duas, ela se recuperou. E o meu bom senso também.

Assim também, vieram outras etapas. Comprar presente e passar Natal e Réveillon sem ele. Matar um monte de baratas que invadiram meu banheiro (quando fiquei na casa da minha mãe e esqueci a janela aberta por 2 dias. Gritos de nervoso, tec tec tec delas se espalhando, 1 lata de spray e mil sapatos voando). O aniversário de 3 anos da nossa pequena, sem ele. Minha intoxicação alimentar e contrações sem ele. Da mesma forma, tudo isso passou, sem maiores consequências.

Por vídeo ele me ajudou muito com palavras de apoio e de orientação. Desde qual parafuso apertar no móvel novo da cozinha até decidir em poucos segundos qual rua pegar para eu fugir da correnteza da enchente, com a nossa filha na cadeirinha atrás!

Às vezes, tinha dias de choro. Por outro lado, tentava passar uma tranquilidade de aparência pra saudade e ansiedade dele também não apertarem!

Nesse meio tempo, o que mais pesou foi não saber quantos dias levariam para o processo de reconhecimento finalizar. 3 meses de Itália e 1 mês antes do parto ele ligou:

– Deu tudo certo amor, embarco de volta no final de semana!

Por que Irlanda?

A princípio, não conhecíamos nenhum lugar da Europa. Achamos prudente mudar para a Irlanda, para ter orientações e apoio da minha amiga. Então, 6 meses depois, de novo meu marido embarcou e eu fiquei com as crianças. Dessa vez sem saber quanto tempo levaria para ele conseguir um emprego.

Da casa da minha mãe, eu vendia no grupo do condomíno, cada abridor de latas, panela, almofada, caixas de roupas, edredon, tapete, cama, sofá. Muita gente disputou, comprou e ainda torceu por nós. Tinha dias que eu abria a porta da casa da minha mãe mais de 20 vezes para entregar as coisas e receber o dinheiro! Fiz algumas vendas de garagem por categorias também. Foi um período cansativo. Mas acolhedor e até divertido!

Para nossa surpresa e felicidade, 1 mês depois embarcamos sem nos despedir de muita gente (não gosto de despedidas). Fiquei sozinha com as crianças da sala de embarque em diante. Apesar disso, tive muita ajuda (muito mais de mulheres do que de homens aliás) para colocar bagagem na esteira, tirar e colocar sapato, comer e ir ao banheiro no avião, e fazer a conexão. Enfim, em outubro de 2019, chegamos!

Vida na Irlanda

Em síntese, a adaptação ao frio, ao susto com o sotaque irlandês carregado, tudo isso é até hoje difícil pra mim e a disputa por vagas na escola que tem início no ano anterior me levaram a não trabalhar fora. Porém, sentindo que precisava contribuir para o mundo e as finanças de casa, comecei uma especialização e mil cursos remotos para empreender no digital no que sempre amei fazer: comunicação.

Nesse meio tempo, pandemia, lockdown e início das aulas das crianças ficando somente para 2021, não me deixaram vivenciar uma experiência muito intensa com a cultura e relacionamentos por aqui ainda.

A saudade da família e dos amigos no Brasil é enorme! Porém, todo mundo está evitando aglomerações e fazendo aniversários e todo tipo de reuniões a distância, devido ao Covid. Por isso, muitas vezes nem parece que estamos longe e sim de quarentena como todo mundo!

Vida de mãe e empreendedora

A tentativa de ser uma mãe phoda, trabalhando de casa, com duas crianças em 2020, quase me enlouqueceu. Ainda assim, o segredo que me fez continuar empreendendo foi muito autoconhecimento e inspiração em mulheres reais. Dessa forma, entendi que eu só precisava ser a melhor mãe pos-sí-vel para o nosso momento. Como resultado, tanto eu quanto as crianças e meu marido ficamos mais leves depois dessa virada de chave. Só a casa que ficou de pernas pro ar mesmo. E daí? Quem liga? Me libertei dessa autocobrança.

Hoje se eu puder dizer algo para agregar para você sobre a minha mudança e rotina, são esses dois pensamentos:

  • Não se preocupe, estamos todas surtando. Algumas só sabem disfarçar melhor. Principalmente quando ligam a câmera.
  • Não se rotule de “mãe empreendedora”. Se veja como mãe E empreendedora.

Sabe por quê? Definitivamente existem muitas outras variáveis entre mulheres que têm filhos e um negócio. Condições econômicas; ter ou não funcionários ajudando em casa; o tipo de trabalho; o momento psicológico de cada mulher e de toda a família; a presença ou o perfil do pai das crianças; a quantidade de filhos, idade e a personalidade de cada um.

A época em que tive meu próprio negócio e só tinha a minha primeira filha, que é super tranquila, nem de longe se parece com a rotina atual que tem um mini furacão em casa. Em outras palavras, amo as duas fases, mas sinto que são completamente diferentes.

Além disso, mudaram muitos dos outros fatores que citei também. Portanto, amo acompanhar e compartilhar histórias e realidades, mas temos todas realidades muito diferentes. E conselhos de uma mãe dificilmente valem para todas as outras que atuam no setor do empreendedorismo materno.

Meu aprendizado como mãe E empreendedora na Irlanda

Assim, tem algo sobre a minha jornada que eu posso dizer e possa valer para você em qualquer momento sim, miga: trace planos. A estrada que leva os sonhos para a realidade se chama planos. Ah! E entenda que para percorrer essa estrada você deve sempre agarrar oportunidades que aparecerem e se preparar. Por outro lado, não espere estar pronta. Estar pronta é muito mais um estado de espírito do que um fato.

Aqui tem um artigo bem legal e não romantizado sobre o empreendedorismo. E se quiser saber como sobreviver ao empreendedorismo trabalhando de casa, esse aqui está incrível.

Um beijo e como dizem aqui na irlanda, Cheers!

Administradora, apaixonada e especialista em comunicação empresarial. Convicta da força do empreendedorismo na qualidade de vida e autoestima das mulheres. Clareio a jornada de empreendedoras para levarem seu trabalho e alma para o digital, com estratégia e autoconfiança. Aliás, já pode comunicar o mundo que ele é seu, miga!

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