5 compositoras negras para você conhecer
Em um esforço para questionar a indústria fonográfica por todos os seus ganhos em cima da arte negra, as amigas e executivas Brianna Agyeman e Jamila Thomas, criaram a hashtag #TheShowMustBePaused. Nesse sentido, a proposta pediu que os trabalhos do dia fossem interrompidos e que os esforços da indústria musical no combate a disparidade racial fossem refletidos e questionados. Nos dias seguintes, elas observaram a hashtag e a ideia central se transformou em quadrados pretos nas redes de celebridades, grandes corporações e pessoas comuns. Do mesmo modo, aconteceu uma onda de divulgações de iniciativas, negócios e arte negra por timelines do mundo todo. Como avançar para mudanças reais? Bem, nós sabemos que as coisas acontecem mais rápido quando vêm de cima para baixo, mas a pressão inversa também é urgente. Quer começar essa mudança? Levo você! Vamos partir conhecendo cinco compositoras negras necessárias, que estão criando trabalhos importantes.
Qual música você ouve?
Comece olhando friamente para as suas playlists favoritas e conte quantas artistas mulheres estão nelas. Dessas mulheres, quantas são negras? Imagino que o número diminuiu ainda mais ou até mesmo zerou. Tá tudo bem! Mas agora, mais do que nunca, é importante fortalecer as redes sociais da artista que você gosta e ampliar seus horizontes musicais conhecendo outras. Dar play, interagir, seguir, inscrever e compartilhar, tudo isso é muito importante. Por aqui, te ajudo apresentando compositoras negras que empreendem suas próprias carreiras. Vem de play, miga!
1. Bia Ferreira
Bia dialoga e reflete com seu público de forma muito firme e verdadeira. Multi-instrumentista, compositora negra, ativista e atriz, ela cria música com postura e a utiliza como ferramenta de conscientização, educação, denúncia e informação sobre as principais demandas de luta do movimento antirracista no Brasil. Mineira criada em Aracaju – SE, e agora radicada em São Paulo, a artista conseguiu dar amplitude a sua carreira depois que o registro acústico da música Cota Não é Esmola, lançado em março de 2018, viralizou. Hoje conta com mais de 8 milhões de visualizações. Você encontra os trabalhos da Bia Ferreira em todas as plataformas digitais. Minha dica é que você ouça seu último disco, Igreja Lesbiteriana, na ordem e, principalmente, com os ouvidos atentos às letras.
2. Josyara
Josyara é uma compositora inventiva e uma instrumentista extremamente habilidosa. O talento plural deve ser coisa de quem nasce da Bahia, vai saber. Contemplada pelo edital Natura Musical, a artista trouxe ao mundo, em 2018, o excelente disco, Mansa Fúria. São 12 músicas que ressignificam o nordeste no tom e no som.
3. Larissa Lisboa
Conheci Larissa ouvindo seu último single “Eu choro, não nego”, parceria com o pianista Amaro Freitas. Um daqueles arranjos que inunda a gente, sabe? Durante a pesquisa sobre a artista, descobri que ela é de Recife (ou do Recife) e possui mais dois singles lançados. O que me impressionou em Larissa é a sua capacidade de criar uma música que carrega traços sonoros nordestinos fortes, mas totalmente desconstruídos e ressignificados.
4. Princess Nokia
Destiny Nicole Fraqeuri, aka Princess Nokia, é estadunidense com ascendência porto-riquenha e se você não conhece uma das rappers mais legais e ativas da cena, você precisa conhecer, miga. A princípio, o que gosto é da liberdade criativa que ela cria para si mesma, que a permite transitar em diferentes vertentes do rap. Suas letras exaltam o poder feminino, do mesmo modo que denunciam a misoginia e o racismo. Comece assistindo ao clipe Brujas abaixo e depois ouça seus dois últimos discos, o Everything is Beautiful e o Everything Sucks, ambos lançados no mesmo dia no primeiro trimestre deste ano.
5. Jorja Smith
Eu não sei nem por onde começar, miga! Antes de mais nada, Jorja é uma compositora que traz frescor moderno ao R&B e à música negra. Na estrada desde 2016, esta britânica tem se destacado, principalmente, nos últimos dois anos. Em outras palavras, prepare o ambiente, dê play em Lost & Found e deixe a Jorja te levar.
Essas são apenas cinco de uma vastidão de artistas e compositoras negras, claro. Portanto, permita que o seu lado “pesquisadora musical” aflore e apoie as artistas que descobrir e gostar. Conhecer novas sonoridades e possibilidades musicais é muito importante, dessa forma sua bagagem cultural e estética serão ampliadas. Por fim, um conselho: Ouça música, sua criatividade agradece.