“Black is King”: O que Beyoncé quer nos dizer?
Através de uma imagética Afrofuturista, Beyoncé, em “Black is King“, nos deixa uma mensagem importante: É preciso criar um menino preto apresentando-o à realidade, resgatando sua ancestralidade e educando-o livre de machismos.
Primeiramente, existem inúmeras formas de olhar Black is King, pois a riqueza em referências, bem como a profundidade da narrativa deste audiovisual, enche nossos olhos com afetividade e abundância. Sem dúvidas, estamos falando de uma obra a qual desperta multi percepção e sentimentos. O filme musical e álbum visual de Beyoncé fala sobre resgate e valorização de si e da história ancestral.
Antirracismo
Os recursos semióticos trazidos por Beyoncé são impecáveis. O ouro e os elementos maximizados, falam sobre a riqueza de um povo o qual teve a história apagada e contada a partir da perspectiva eurocêntrica. Aqui vou tratar de “Black is King”, a partir da mensagem que mais me tocou: precisamos educar meninos negros com afetividade, autovalorização e carinho.
Em uma sociedade onde é preciso evidenciar formas de conduzir uma criação antirracista, nada mais justo do que exaltar o que uma mãe negra quer deixar como legado para seu filho e principalmente para outras mulheres.
Miga, colocar um filho negro no mundo é uma grande responsabilidade! Principalmente um menino, pois a abordagem policial se torna parte de suas vivências desde muito cedo. Uma mãe negra tem medo de que seu filho não volte para casa. Só no Brasil negros são 75% dos mortos pela polícia (Relatório produzido pela Rede de Observatórios da Segurança).
Estereótipos
Os estereótipos são os elementos enraizados que nos fazem relacionar algumas características a um determinado grupo. Muitos deles construídos como mecanismo de racismo e difíceis de serem apagados.
Protagonismo Negro
Não dá para negar, Queen B é parte da indústria e cria seus projetos voltados a uma comunidade que busca exaltar seu poder, assim como, sua autoestima. O diferencial, acredito, está na pesquisa f*da realizada pela artista. Miga, Beyoncé tem um jeito único e impactando de contar suas histórias e transpor seus sentimentos (Lembra de Homecoming?). Sinto que, toda a sua obra tem algo a nos ensinar!
“Black is King” é, em primeiro lugar, uma produção que soma junto a tantas outras criações de artistas pretos os quais abordam uma narrativa onde o corpo negro transcende, politiza e educa. É uma riquíssima contribuição histórica que, antes de mais nada, coloca a pessoa negra como narrador da própria vivência, além de girar um mercado feito por e para a comunidade preta.
“Life is a set of choices
Lead
Or be lead astray
Follow you light or lose it”
Beyoncé/ Black is King.
A Aza Njeri, doutora em Literaturas Africanas, trouxe nesse texto um embasamento histórico e muito vivo do impacto “Black is King”. Vale muito a pena conferir, miga.
Seja qual for a produção, Beyoncé nos ensina
- Criar com foco em comunidade é, acima de tudo, desenvolver experiências de pertencimento.
- A pesquisa aprofundada e de qualidade é o motor da criação.
- Podemos (e devemos) usar a nossa história para desenvolver um negócio, deixando no mundo uma mensagem única e autêntica.
Em outras palavras, aplicar os ensinamentos é, de antemão, ter escuta ativa e muita disposição de estudar história. Mesmo que o seu negócio não seja voltado à população negra, você sai na frente quando busca referencial teórico e gente bem articulada para integrar o seu time e trabalhar em suas criações.
Por fim, se você já entendeu que pautas raciais são fundamentais em qualquer organização responsável, te aconselho a ler esse texto aqui, onde eu te explico como começar a contratar olhares que você não tem!
Bora começar?