O protagonismo da mulher negra na moda
Representação: saiba quem são as migas que estão transformando a comunicação e inserindo um novo olhar sobre a mulher negra na moda.
Primeiramente, não podemos começar essa conversa sem questionar a construção imagética a qual criamos por meio do nosso trabalho. Nesse texto, falei um pouco sobre a diferença entre representação, bem como, representatividade (sim, são coisas totalmente diferentes). Contudo, para ser breve. é preciso colocarmos como ponto de partida que, ver-se em espaços não é o mesmo que, de fato, pertencer a eles..
Mulher negra na moda
Sendo assim, por muitos anos a imagem da mulher preta era massivamente hiperssexualizada pela publicidade que, sem hesitar, já difundiu através de peças publicitárias, corpos negros em contextos racistas e desumanizados.
Com certeza você leu revistas teens, certo? Eu fui assinante e amante delas, porém não me via imageticamente em nenhuma. Isso, pois, rostos e corpos negros não apareciam com frequência, assim como, as dicas de maquiagem não abordavam a multiplicidade da pele negra. De antemão, a crítica aqui está para esse sub-mundo criado por tantas outras marcas que, ao desenvolverem conteúdos, excluíram as histórias e imagens negras.
Além disso, com a popularização e reivindicação crítica sobre esse cenário, algumas empresas (com muito custo) reviram o próprio posicionamento e assumiram que é preciso discutir o racismo (para além de novembro) e, além disso, construir uma imagem onde pessoas negras estão inseridas em contextos gloriosos, bonitos, culturais e ricos!
Em 2018, ela foi nossa colunista, além de editora convidada de uma importante edição sobre feminismo negro. Em 2020, com o retorno da ELLE, ela voltou com a gente. Com livros, lives e agora uma plataforma de cursos online, a mestra em filosofia política e best-seller @djamilaribeiro1 ajuda o público a entender questões complexas e se firma como uma voz fundamental na luta antirracista.
Na terceira capa desta edição que celebra a cultura, ela fala sobre a importância da representatividade — e contou que a primeira atriz que a fez se sentir representada foi Isabel Fillardis: “Eu era adolescente, em 1996, quando ela foi a capa de estreia da Revista Raça. Meu pai era militante das causas raciais e comprou a edição. Minha irmã e eu ficamos encantadas, levamos até para a escola. Ela foi meu primeiro encantamento”, diz a escritora.
Via: ELLE Brasil
Ver-se nos espaços
Em suma, você se sente contemplada/representada quando vê uma capa de revista? Para mulheres negras o cenário só ficou diferente de poucos anos para cá. Isso, pois, com a pauta do empoderamento estético feminino em alta, os movimentos sociais pressionaram a mídia numa chamada por mais representação e inclusão de pessoas negras em espaços de destaque.
Contudo, estar em capas de revista ou no jornal das 9h não significa, necessariamente, representatividade. Isso, pois, enquanto as empresas não questionarem e romperem com suas próprias estruturas e hierarquias de opressão, fica impossível realizar qualquer mudança real, física ou simbólica.
A moda é representativa?
Nesse sentido, na moda isso não é diferente. Um padrão estético, por exemplo, ainda pode ser muito opressor para qualquer mulher e, desse modo, para mulheres negras, que raramente se vêem nesse lugar de destaque e como referência de sucesso, o peso é dobrado. Em outras palavras… Não basta que tenhamos apenas uma Rihanna e uma Beyoncé, também queremos ser vistas, bem como, admiradas e referenciadas por nossos múltiplos fazeres.
Além disso, é sempre bom ressaltar como precisamos sair da normatividade e, nesse sentido, construir um repertório diverso, com nomes e trajetórias de outras mulheres negras que chegaram a esses espaços de destaque e sucesso; do contrário sempre vamos referenciar as mesmas pessoas e o jogo permanecerá igual.
Como mulheres negras vêm mudando esse cenário?
Narrando a própria história e, definitivamente, promovendo resgate da herança ancestral. Mulheres negras, por meio da moda vêm, desse modo, mudando o cenário e ecoando suas mensagens de resistência e compromisso com a população negra.
Da mesma forma, a moda, a partir da estética e visão da mulher preta, carrega marcas, subjetividades e posicionamento político. São igualmente parte das múltiplas formas de se colocarem no mundo e lutarem por sobrevivência e expressão.
Também é sua missão
Por fim, não pense que você não tem nada a ver com isso, miga. Além disso, é seu papel diversificar seu banco de imagens, e a forma como a questão racial é abordada em sua comunicação. Ou seja: oportunize espaços para outros brilharem, como por exemplo, a mulher negra na moda.
Só assim é possível criar espaços diversos, respeitosos e com lugar para que todos possam compartilhar a própria vivência.
Vamos nessa?