Comer consciente: o que o filme “Comer, rezar e amar” pode nos ensinar
Provavelmente você já viu aquela cena em que a atriz Julia Roberts está se deliciando com uma pizza marguerita, né, miga? Ela é clássica! O filme “Comer, rezar e amar”, uma adaptação do best-seller autobiográfico de Elizabeth Gilbert, nos traz uma reflexão sobre a vida, incluindo a prática da atenção plena e do comer consciente.
Então hoje falaremos sobre comportamento alimentar, incluindo pequenos trechos do filme. Aliás, sugiro super que você assista, após ler este texto (ou leia o livro, caso prefira). Verá que conseguirá analisar melhor cada detalhe. Então bora começar, miga!
As aparências enganam
O filme começa com Elizabeth Gilbert (Liz), em Bali, com o propósito de escrever um artigo sobre o local. E então busca entrevistar um xamã muito conhecido, o Ketut Liyer. E este diálogo é o start para Liz planejar sua viagem pelo mundo, incluindo Itália, Índia e Indonésia.
Meses depois, Liz, que parece ter uma vida perfeita, começa a sentir insatisfação diante de alguns acontecimentos e lembra-se do diálogo com o xamã Ketut. É aí que ela tem aquela virada de chave para sair do automático e fazer algo por si mesma.
A primeira observação
Um dos diálogos mais interessantes deste filme é de Liz com sua melhor amiga, Delia. Liz relata ter perdido qualquer paixão ou prazer pela vida e diz que irá à Itália. Delia a afronta com um discurso do tipo “miga, para de ser doida! Procure um psicanalista, porque isso é só fase”. E então Liz questiona o que Delia almoçou. E ela nem lembra. Logo, entra aqui nossa primeira observação.
Empreender não é um mar de rosas. Todas nós já sabemos muito bem disso. Contudo, é necessário ter certo equilíbrio aí no meio. Na vibe de ser muito autocrítica, centralizadora, entre 308425421 outras coisas, você fica atolada em funções e pensamentos sabotadores que podem te prejudicar mentalmente. E isso está completamente interligado à sua alimentação, miga.
A tendência desta situação é se alimentar no modo automático. Ou seja, comer rapidamente, não parar para sentir o aroma, o sabor e as texturas dos alimentos vai, gradualmente, te desconectando de si mesma.
Por outro lado, temos outro contexto: utilizar a comida como uma forma de canalizar sentimentos. Vai me dizer que você nunca comeu um docinho por estar ansiosa? É, então! Eu tô ligada! E, neste sentido, misturamos o comer automático com o comer emocional.
Então bora dar o play no sonho de princesa e vamos embarcar juntas, miga! Primeira parada: Itália.
Comer consciente na Itália
“Eu tinha apetite pela comida, pela minha vida. E isso desapareceu. Quero ir a algum lugar e me maravilhar com algo. O idioma, gelato, spaghetti. Qualquer coisa!”
Esta é a primeira cena que mostra o comer consciente. O macarrão que hoje em dia pode ser rotulado como “carboidrato”, “vilão”, “algo que engorda”, ali, naquela cena, é apenas um macarrão. E então conseguimos visualizar quão simples deve ser alimentar-se.
Ao longo dos últimos anos, as informações sobre nutrição se multiplicaram, porém, como consequência, surgiu a “medicalização” e a “demonização” da comida. Separamos mentalmente os alimentos mocinhos e os vilões. Que atire a primeira pedra quem nunca olhou um alimento e pensou “ai, mas isso engorda”. Todavia, alimentos não são apenas para nutrir. Alimentos carregam simbolismo e afetividade, reúnem pessoas.
E há outra cena que podemos destacar. Liz e sua amiga (Sofi) estão em um restaurante super conhecido, o Nápoles. Sofi mostra-se receosa por comer uma pizza inteira, já que engordou. E então Liz diz “estou cansada de dizer não e, de manhã, relembrar tudo o que comi no dia anterior. Contar cada caloria que consumi para me odiar enquanto tomo banho. Vou comer. Não quero ser obesa. Só me livrei da culpa”.
Essa cena é autoexplicativa, né? Por que nos privamos de comer? E por que nos culpamos quando comemos? Por que buscamos incontáveis dietas da moda? Do mesmo modo, esta cena pode nos trazer uma reflexão: como anda a nossa relação com os alimentos? Você saberia me dizer, miga? E essa relação é boa ou ruim?
Por fim, na Itália, Liz encontra o prazer na comida através do comer consciente bem como nas reuniões com os amigos e no idioma, enfim, no viver algo novo. E isso a faz sentir-se melhor.
Tranquilizando a mente na Índia
Logo depois, Liz se observa em um ambiente completamente diferente. Lá ela percebe o quanto está desconectada. Tenta meditar e não consegue se concentrar devido aos seus pensamentos soltos e vagos. E então ela sente que a paz está muito distante.
Todavia, ao longo desta segunda viagem, Liz conhece Richard e eles trocam diversas experiências tanto pessoais quanto espirituais. E, gradualmente, Liz vai abrindo espaço para se interiorizar. Nesta viagem ela vai de encontro com o seu “eu”, desconstruindo toda essa busca através de moldes religiosos.
Em suma, praticar o amor e o perdão com os outros e com você mesma é uma forma de te aproximar do conforto de ser quem é. Neste sentido, a prática da meditação, por exemplo, é uma forma de entregar-se. Ela permite que você tenha consciência de seus pensamentos, isto é, atenção plena. Afinal, assim como falei sobre alimentação, também estamos no automático quando se trata de sentimentos.
Quando te perguntam como você está, o que normalmente você responde, miga? “Bem” ou “mal”, né? Ao longo do tempo, vamos perdendo nossa sensibilidade sobre o que sentimos. Então esta parte do filme nos traz justamente essa reflexão: estou desconectada? Consigo nomear meus sentimentos? Consigo lidar com eles? Como me aprofundar mais em mim mesma?
Atenção plena no paraíso chamado Bali
Após estar frente a frente com suas dores, Liz parte para encontrar (finalmente) o seu equilíbrio. Lá ela procura novamente pelo xamã Ketut e aprende diversos ensinamentos com ele, durante sua estadia.
E, aos poucos, podemos observar Liz entrando em equilíbrio através de suas rotinas de meditação, sensação de liberdade e ensinamentos do xamã. Em síntese, ela entende o quão finito é o ser humano e isso permite que ela enxergue a essência das coisas e tenha consciência que o mundo está sempre em constante mudança e que somos influenciados por elas.
Por fim, concluindo o título, o “amar” pode significar o amor por si mesma e por todos os laços afetivos que Liz construiu ao longo de sua jornada. O sentimento de pertencimento. Afinal, nossa existência se constrói com outras pessoas. O que também é importante para refletir: você se permito estar entre pessoas queridas apesar de toda a correria do dia a dia? Com qual frequência? Isso é uma prioridade? Quais pessoas te inspiram a evoluir?
E haja reflexão, né, miga? Acredito que sua mente tá fritando! Aliás, essa é a intenção! Te tirar da zona de conforto e do mood automático. Portanto, espero que, após ler este texto, você olhe mais para si mesma, para suas prioridades, para diversas áreas da sua vida e pergunte-se: que vida eu quero ter?