Itália: 9Muse, o evento com a cara Moving Girls made in Italy
Ciao, miga! Come va? Saudade de frequentar um evento, né, sua safada? Eu não vejo a hora de sair por aí e ver gente nova sabe? De enfrentar uma fila, de voltar cheia de sacola com brindes pra casa. Antes de mais nada, eu quero saber se você está pronta para 2021 e se não estiver, fique aqui que eu vou te contar sobre o último evento de que eu participei e que me deixou bem animada para esse novo ano.
Em primeiro lugar, miga, a idealizadora desse evento mágico que eleva a autoestima feminina às estrelas é a musa madre: Veronica Benini, a Spora. Esse é o maior evento de empreendedorismo feminino da Itália.
Como falei no meu primeiro post para o blog da Moving, não tem como falar de empreendorismo feminino na Itália sem falar dela. Se você não conhece a sua história, clica aqui! Acredito que ela seja a mulher mais importante no cenário digital italiano atual. Acima de tudo, vou te contar como esse evento surgiu e como funcionou nesse ano de pandemia e por último eu te apresento as 9 musas corajosas desse ano.
Pegue o seu ingresso e venha comigo!
De onde veio a ideia de fazer esse evento?
Veronica fazia vários tours pela Itália para dar seu workshop sobre sapato de salto alto e percebeu que as mesmas mulheres sempre voltavam. Um dia ela perguntou a elas, o porquê de elas voltarem, se já sabiam como era o evento, e elas responderam porque era sempre inspirador.
Portanto, Veronica teve a ideia de fazer as mulheres falarem antes de seus workshops para apresentarem diferentes pontos de vista e nesse meio tempo criou um formato spin-off chamado 9 Muse, cuja primeira edição foi realizada em junho de 2018.
O objetivo é compartilhar experiências de mulheres normais, que estão conseguindo se realizar e com as quais o público feminino consegue se reconhecer, se inspirar, para poder agir.
“L’ormai non esiste” – Veronica Benini
“É tarde demais, não existe.”- Veronica Benini
O 9musemilano é um evento que mistura empreendedorismo e história de vida, para mulheres que estão passando por um momento de transição de carreira ou mudança de vida, com história de mulheres empreendedoras (a maioria delas), que já passaram pela mesma situação.
O evento sempre foi presencial e replicado ‘online’, em algum espaço ou teatro de Milão. Veronica uniu mais de 3000 mulheres ao vivo nas edições passadas e 7000 mulheres online em 2019. O evento começa às 10h e a primeira parte dele é voltada para o networking, compras, workshop dos cursos da plataforma Corsetty Academy, stand dos patrocinadores e café da manhã. Logo após, acontece a pausa e as apresentações das 9 musas começam por volta das 14h e vai até as 19:30.
9musemilano2020
Para 2020, Veronica já tinha se planejado em fazer o evento para mais de 10.000 mulheres em presencial e em streaming. Com o COVID19, os planos foram mudados, e o evento foi possível somente online e em streaming.
O tema desta edição foi DISTURBATE, que tem um duplo significado: PERTURBE no sentido de “fazer barulho”, e “perturbe” porque afinal você tem que ser incomodado e incomodar para mover e mudar as coisas. As histórias expostas falam de mudanças pessoais e profissionais. Concentram-se em como as mulheres enfrentaram aquele momento de fracasso, de crescimento, de um problema para dar ideias a quem ainda não saiu dele.
Foram 9 horas de evento, com fila de espera para entrar no site para não dar nenhum bug, que achei como ideia genial, e assim que você entrava no site, ia direto na loja.
Miga, tirando a parte do café da manhã, a programação seguiu normalmente como se fosse ao vivo. E claro, na loja você podia colocar na sacola o kit do evento com todos os brindes gratuitamente. Estou esperando o meu!
Para 2021, Veronica já se programou em unir 12.000 mulheres na arena de Verona. A Arena de Verona, é um anfiteatro romano, um dos mais conservados e importantes da Itália e até hoje em uso.
Conhecendo as 9 musas do evento de 2020
1. Evelyne Afaawua
Evelyne é italiana e possui origem ganense. Mas em determinado momento de sua vida uma série de fatos questionaram sua identidade, e daí veio uma crise e a redescoberta de uma coisa bela: sua diversidade. Essa crise tinha um nome, depressão. Ela diz que foi uma luta contra si mesma, pois os fantasmas do passado ressurgiram. Ataques de pânico, ansiedade, claustrofobia, anorexia e instabilidade mental.
Ela recuperou a consciência e o orgulho de seu eu externo, virando uma modelo negra e MissTop Curvy. Ela fundou sua própria marca para cabelos afro e agora ela tem um desejo louco de se revelar ao mundo como ela está por dentro e por fora, realçando sua pele negra, seus cachos, suas formas e seu verdadeiro eu.
2. Michela Giraud
“Quem decide ser ator profissional é visto por nossa sociedade como preguiçoso e sonhador. E se você é mulher, não falemos nisso: é a celebração de clichês.”
Mas, Michela Giraud conseguiu. Atriz cômica, nos palcos não só sobe, mas fica lá porque é a rainha indiscutível do seu programa no Comedy Central.
3. Martina Panini
Martina Panini é uma transexual operada e com uma deficiência: surdez. Tem 34 anos e é natural de uma pequena cidade da província de Arezzo, onde foi vítima de bullying e violência. “Minha paixão pela maquiagem nasceu quando eu tinha 5 anos me identifiquei como uma criança que amava maquiagem. Eu adorava pintar mulheres com maquiagem nas telas dos quadros, observava minha mãe maquiar-se, entre outras coisas, e procurava entender o que poderia ser quando crescesse. Maquiador foi a resposta, então comecei a estudar aos vinte anos, fiz cursos e me especializei em maquiagem para cinema.”
4. Francesca e Sarah
Elas são expoentes de uma grande tendência filosófica: “Mães de merd@“. “A maternidade é passada para nós como a experiência mais bonita da nossa vida, enquanto os afazeres e as encheções de saco só multiplicam.” Mães, amigas e empreendedoras que ajudam as mães italianas a aliviarem seus sentimentos de culpa.
5. Eufrasia Pietromonaco
“Rosa para meninas e azul para meninos: certo? Não, não é justo, porque assim construímos arquétipos sociais, de identidade e de papéis.” Euphraisa desde sempre se veste de preto, tem a alma rock’n’roll, é apaixonada por motos e é enfermeira. A dificuldade em sua vida começa por não se sentir nunca adequada no padrão esperado pela sociedade sobre o que é ser feminino. Mas com o caráter forte, ela nunca se abalou por isso. O que a fez perder a sua vontade de viver foi um acidente grave que teve com sua moto, onde por um bom tempo não pode caminhar. Foi graças a sua paixão por motores que ela conseguiu dar a volta por cima.
6. Maura Gancitano
Maura Gancitano é uma filósofa, escritora e fundadora do projeto Tlon. Tlon é a escola permanente de filosofia, espiritualidade e imaginação, que transforma gaiolas em chaves e dificuldades em oportunidades. É uma comunidade com treinamento filosófico para o florescimento pessoal. Manifesta-se através de uma Escola de Filosofia e Imaginação permanente, uma editora, uma livraria de teatro e uma atividade de divulgação online através das redes sociais, misturando alta e baixa cultura, analisando necessidades e significados do nosso tempo e ligando o meio acadêmico com o mundo pop.
7. Valeria Cagnina
Valeria Cagnina diz: “1% é talento e 99% é um trabalho árduo. Frase que se tornou seu lema desde que construiu seu primeiro robô aos 11 anos, aos 15 ela foi para o MIT em Boston para um projeto universitário e três anos depois fundou sua empresa de robótica educacional.”
8. Raissa Russi
“A mão é sua e a culpa é minha?” Essa é uma frase célebre de Raissa Russi, uma mulher linda assim como tantas, onde a beleza é desculpa usada para ser violentada. Aos 12/13 anos, sem saber nem o que significava ser mulher, foi rotulada de Poot@ por levar um tapa na bunda e colocaram a culpa nela. Se passaram 10 anos e nada mudou, porque os homens de hoje são aques de 10 anos atrás. “Agora estamos em 2020, e ainda hoje uma professora perde o emprego, enquanto o homem que colocou suas fotos particulares no chat do futebol se normalizou. Você vê que não há diferenças. É uma história que se repete. E se repetirá sempre e para sempre se não começarmos a educar, homens e mulheres, a se respeitarem.”
9. Nausicaa Dell’Orto
“Vendo-a em suas roupas de trabalho, ela parece uma guerreira. E mesmo sem armas, ele travou sua guerra todos os dias entrando em campo, colocando sua paixão acima de tudo. Ela lutou contra os preconceitos de quem achava que ela não merecia aquele campo, contra quem não reconheceu seu extra.” Nausicaa Dell’Orto é capitã da seleção italiana de futebol.
Pronta para dominar 2021?
Enfim, miga, nem preciso te falar que fiquei com o coração aquecido e com a cabeça cheia de ideias. É incrível, como a história da outra pode ser o adubo que falta para tirarmos aquele sonho, aquele projeto do papel.
E que coragem! Minha mãe me define como corajosa, não só porque vim morar fora sozinha, mas por tudo o que passei e eu me sinto bem orgulhosa de ter esse adjetivo.
“É preciso ter coragem para ter medo”, miga. Gostou das musas de 2020? Me conta qual é a sua musa preferida, que eu vou aprofundar a história dela aqui no blog.
Por hoje é só, miga! Baci, abbracci e alla prossima!