Preta, tudo bem estar cansada
Seus dias têm sido difíceis, miga? Sei bem o que você sente, contudo, entenda… Tudo bem estar cansada. Escrevi esse texto e tenho certeza de que depois de ler, você se sentirá melhor. Aceita?
Dias corridos, poucos intervalos para refletir sobre o que realmente importa, assim como muitas ações tomadas no automático? Sim, o nosso novo normal nos apresenta desafios em comum, miga. Nesse sentido, agora que estamos quase no fim do ano e já nos esgotamos de produzir (e inclusive discutimos sobre slow blogging), vale super a pena começar a repensar o nosso cansaço, pois, toda essa fadiga tem nome e quanto mais adiamos essa percepção, mais incompreendidas nos sentimos.
Tudo bem estar cansada, preta. Ou se a estafa física e mental assolar seu cotidiano. Tudo bem você reconhecer. Quebrar é importante. Se refaça depois da quebra. Procure formas, veja sua rede, veja quem são as pessoas e os espaços que estão contigo e que acolham suas demandas. Que volte para você a força que precisa para seguir. Quebrar não é arrebentar, quebrar é se permitir. Partindo disso você se refaz. Respire, volte para si. Bora seguindo, bora tentando, bora fazendo. Converse, acolha e seja acolhida. Trocas… Essas sim são fundamentais para que essa pedra possa ser amenizada. Siga, procure suas referências. Procure seu interior mais belo, mais leve. Procure, encontre, busque. Entenda: sua subjetividade é sua. Quem estiver com você vai entender e vai acolher. Que sigamos, que sigamos, que sigamos.
Lena Costa em “Preta, eu te acolho e Tu me acolhes”
Empatia
Para além da incompreensão, acredito que, o cansaço deve ser investigado para criarmos atalhos personalizados e, além disso, entendermos, de forma honesta, como funcionamos e o quanto de energia dispomos para realizar todas as atividades.
Preta, você não está sozinha. Mesmo virtualmente sinto que podemos nos acolher e estamos num espaço seguro para compartilharmos a jornada. Em outras palavras, só por saber que você está, aqui, lendo esse texto, fico tranquila, pois, sei que a missão central foi completa: nos encontramos nessas palavras e, assim como eu, você não quer sentir que o peso está sobrecarregado em sua vida.
Inclusive, sinta-se convidada a deixar um comentário contando o que você sente quando a barra é dura demais.
A rotina nos deixa cansada, miga
Assim, também pagar as contas, planejar o futuro, fazer dinheiro, ser uma mulher autônoma, atender os seus clientes, atualizar-se, ler um novo livro e perceber, no fim do dia, que você deixou de consumir vários conteúdos interessantes. Isso frustra, certo? Entretanto, te convido a ressignificar esse peso da culpa e transformá-lo em uma ação saudável.
Consumir informação não significa absorvê-las. O processo de aprendizagem exige que reservemos um espaço quieto dentro da nossa mente, ao passo que acessamos novas informações. Por outro lado, fazer isso dentro de um cotidiano que não para, enquanto nós paramos, é o desafio do momento.
É, você vai precisar elencar suas prioridades. Quer uma dica de lista?
- Eu mesma: se colocar no topo é acolher que você não é de ferro e precisa de cuidado e atenção, miga;
- Minha intuição: a voz acolhedora que guia e te mostra o caminho que faz o seu coração bater mais forte.
Os próximos tópicos virão a partir de uma conversa consigo mesma. Responda para si: No que eu efetivamente quero (e posso) despender tempo e gastar meus fôlegos de vida?
E se você ainda empreende…
Aí vem os outros b.os. Quando empreendemos existe uma tendência quase universal de colocarmos os clientes acima dos nossos limites. Escrevi um texto, inclusive, sobre a Elisama Santos que, brilhantemente, fala sobre como devemos repensar a nossa entrega para com o outro.
Assiste ao vídeo dela comigo:
Em suma, não são todos os espaços que nos cabem, miga… E está tudo bem.
A nossa caminhada é solitária
Ser mulher negra é ocupar lugares e não se sentir pertencente. É sermos corpos únicos em espaços normalizados por pessoas brancas e nos anularmos por não nos sentirmos suficientes e dignas de estarmos ali. Entretanto, quero que você relembre toda a sua trajetória. De onde você veio? Quais eram os seus sonhos quando criança?
Esses dias eu fiquei trêmula durante um processo seletivo, com as mãos soando, de verdade. Daí fiz essa reflexão e me imaginei apresentando o meu currículo para a Marília de 12 anos. Eu sei que ela se orgulharia de mim, pois eu ocupo o lugar em que ela sempre sonhou estar.
Preta, apesar de as regras do jogo serem excludentes, lembre-se de que o corre é seu e de que você luta muito para fazê-lo virar. Potanto, é normal se sentir cansada.
Os dias não têm sido fáceis, mas desistir não é uma opção, ok? Se dê um tempo, respira e vai!