Tudo o que você precisa saber sobre Burnout
Talvez você ainda não saiba o que é a Síndrome de Burnout, mas provavelmente você conhece alguém que já passou por isso. Ela é conhecida também como Síndrome do Esgotamento Profissional.
O nome Burnout vem do inglês e significa “queimar por completo”, relacionado à sensação de esgotamento total e constante de quem passa pela síndrome, que é uma resposta ao estresse ocupacional, ou seja, relacionado ao trabalho, que não foi gerenciado com sucesso.
A Síndrome de Burnout foi recentemente oficializada como um fenômeno ocupacional pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e foi incluída na nova Classificação Internacional de Doenças (CID-11), que entra em vigor em 2022.
Como reconhecer
As principais características estão relacionadas a três dimensões:
- Sentimentos de exaustão ou esgotamento de energia;
- Aumento do distanciamento mental do próprio trabalho, ou sentimentos de negativismo ou cinismo relacionados ao próprio trabalho;
- Redução da eficácia profissional.
Se você se identificou com esses três itens, o sinal de alerta acabou de acender.
Muitas vezes eles se relacionam com sintomas físicos como dores musculares, cefaleias e enxaquecas, e também outras alterações como irritabilidade, incapacidade de relaxar, alterações na memória e concentração, aumento no consumo de substâncias. É comum também o isolamento pelo foco excessivo em trabalho, deixando de lado outras áreas importantes e pelo próprio esgotamento de energia.
Em todas as profissões, as mulheres são as mais atingidas pelo Burnout, é o que apontam pesquisas como o Medscape Physician Lifestyle Report (2015), principalmente devido a dupla jornada.
Alta produtividade pra quê?
Frequentemente, os sintomas são negligenciados em nome da alta produtividade. Aquela frase óbvia que precisa ser dita: trabalhar 12h por dia todos os dias (ou quase todos os dias) não é saudável e é insustentável a longo prazo. Lembre que o que importa não é só trabalhar, mas sim trabalhar com qualidade e isso não acontece se a sua saúde mental não está bem ou quando você não descansa. Quando você trabalha com o que gosta, fica ainda mais difícil reconhecer esse limite entre trabalhar o necessário e trabalhar demais, porque esse assunto acaba fazendo parte também dos seus momentos de estudo e lazer, ou seja, ainda mais atenção e cuidado pra não exagerar são necessários.
Burnout e Home Office
O Burnout não é exclusivo do trabalho presencial, ele acontece também no home office, principalmente pela facilidade em trabalhar além dos horários pré-estabelecidos. Durante a pandemia, se tornaram mais comuns relatos como “Eu não poderia falar que não ia participar de uma reunião depois do horário sendo que meu chefe sabe que eu estou em casa” ou “Fiquei falando com o cliente até as 02h da madrugada porque eu não podia correr o risco de perder a venda”. Portanto, atenção em dobro pra não cair nessas armadilhas.
É o mesmo que estresse?
Não. Segundo uma pesquisa realizada pela Isma (International Stress Management Association) em 2018, 72% dos brasileiros ouvidos sofrem com o estresse, sendo que 30% (30%!!!) portam a síndrome de Burnout. Esses números são elevados e mesmo assim o assunto ainda é pouco discutido. Estresse é uma resposta física que quando relacionado ao trabalho e não manejado pode levar a Síndrome de Burnout. Aprenda a identificar seus níveis de estresse antes que você chegue ao limite, não espere essa sensação de queimar por completo pra dar atenção pra você mesma.
O que fazer
Você PRECISA diminuir o ritmo. Avalie todos os aspectos que envolvem sua saúde mental, como sono, alimentação, autocuidado… e dê atenção aos que estão em baixa. A privação de sono por si só já é um fator de estresse e isso se agrava quando associado a outros fatores.
Priorize o descanso, esse tempo é inegociável. Fazer o que você gosta não é “fazer nada”, pelo contrário, é tão necessário quanto trabalhar. Não se culpe por dormir as horas que seu corpo precisa, assistir um filme, ficar com pessoas queridas. Você não precisa (e nem deve) só trabalhar, 24h, 7 dias por semana.
No seu tempo livre opte por atividades que não exijam tanto de você, como assistir séries mais leves em vez daquele documentário que tem relação com o trabalho.
Fazer terapia pode te ajudar a reconhecer melhor seus limites e encontrar estratégias mais saudáveis para lidar com tudo, dentre elas a prática de atenção plena.
Em casos mais graves, o afastamento do trabalho por um certo período é o mais indicado, além de acompanhamento psicológico e psiquiátrico.
O guia da saúde mental vai te fazer repensar vários itens que podem ajudar nesse momento.
Como prevenir o Burnout na minha empresa
“Fui recebida por uma faixa no saguão do hospital que dizia: “Dia do Bem-Estar dos Residentes”. O evento todo se resumiu à entrega de bolinhos grátis. Eu não precisava de um bolinho, eu precisava de um psiquiatra; precisava dormir ou, então, de uma jornada de trabalho semanal com um limite razoável de horas.”
Jillian Horton para Medscape
Você como Moving Girl no comando de uma equipe precisa saber que promover a saúde mental não acontece entregando bolinhos, mas sim com real suporte, como oferecendo atendimento psicológico, respeitando uma jornada de trabalho saudável, não adiando férias, entre outros.
Espero te ver assim nas próximas semanas, se cuida miga. <3