Tecnologia: criações de mulheres negras
Sabia que o GPS e o condicionador são criações de mulheres negras? Sim, miga, e você precisa entender o porquê desses nomes terem sido silenciados da história.
Toda história tem um ponto de vista
Toda história tem um ponto de vista e nosso país está repleto daquelas que só consideram um “lado” da narrativa. Tal qual o descobrimento do Brasil pela perspectiva do colonizador e não pela dos povos originários. Existe, no eurocentrismo, uma centralidade, assim como um egocentrismo e esforço para ocupar o protagonismo.
Traduzindo para a nossa comunidade, acredito ser, de suma importância, não nos contentarmos com representações que não nos contemplam. Não podemos mais normalizar lugares onde outras de nós não estam. Isso vale para Moving Girls, bem como Moving Black Girls.
Todas nós ocupamos um local e, a partir, dele falamos. Contudo, miga, nosso lugar de fala (dá um check aqui nessa resenha sobre a rainha desse tema Djamila Ribeiro) não deve silenciar e nem mesmo se impor sob outras narrativas. Em outras palavras, todas nós empreendemos, assim como criamos produtos e serviços, fato! Contudo, partimos de contextos distintos e nos encontramos, aqui, nessa comunidade de migas loucas.
Todavia, você já se perguntou quais mulheres ocupam esse espaço? De quais contextos surgem cada conteúdo aqui presente? Ainda assim, a Moving se preocupa com a construção de espaços mais representativos protagonizados por migas com propriedade e corre… Não se preocupe. Porém, faça essas perguntas a você mesma:
- Minha área de atuação possui diversidade?
- Uma mulher negra criou algum serviço ou produto no meu segmento?
- Eu falo, referencio e/ou exalto o trabalho dela, da mesma forma que faço com pessoas brancas?
A disputa de narrativas
Ela existe! Mulheres negras estão, frequentemente, em luta, reivindicando seu lugar de fala e ocupando espaços para compartilhar suas percepções de mundo, bem como vivências e intelectualidades.
Nesse meio tempo, tive essa sensação incrível de ver um assunto sob outra narrativa, ao ouvir Katiúscia Ribeiro, em seu curso “Introdução à Filosofia Africana”, questionando “Penso, logo existo” de Descartes. O curso está com inscrições abertas para a próxima turma, então, corre, miga!
“Se para existir você precisa pensar, seres que sentem estão onde? Ficam configurados onde? Porque sim, para os povos africanos, só a razão não dá conta de pensar o sujeito. Nós somos um constructo de razão e sentido. Então, nós temos elementos que compõe o ser humano, que é o elemento que precisa pensar para coexistir. Ou então, sentir para coexistir. Sinto, logo (co)existo.”
Katiúscia Ribeiro no Curso “Introdução à Filosofia Africana”
Mulheres negras na tecnologia e suas invenções
Da mesma forma, a subalternidade ainda é a realidade de muitas mulheres negras. E é bom nos questionarmos sobre isso, miga, pois, se o percentual de mulheres ocupando lugares de poder e decisão já é baixíssimo, onde estão as mulheres negras?
“Nas maiores empresas do país, as mulheres negras estão concentradas nos cargos mais baixos dentro das organizações. As mulheres negras preenchem 10,3% dos cargos funcionais, 8,2% dos cargos de supervisão, 1,6% das posições na gerência e 0,4% no quadro executivo.”
Criações de mulheres negras
- Madam C.J. Walker – Condicionador.
Empreendedora e primeira milionária negra dos EUA! Walker foi responsável pela criação do condicionador e de outros produtos especializados e personalizados para mulheres negras. Inclusive, nesse post tem uma resenha valiosa sobre a série inspirada nessa mulher incrível.
- Gladys West – GPS
Uma aluna brilhante que formou-se em matemática e deixou um legado valioso para a tecnologia, atuando por 42 anos na base naval de Dahlgren.
Outro nome importante
Enedina Alves: Primeira mulher negra a se formar em engenharia no Brasil.
Por fim, deixo aqui uma indicação de filme e série para você assistir e descobrir os feitos de algumas dessas mulheres negras, bem como a realidade de seus apagamentos.
O processo criativo de uma mulher preta é carregado por história e propósito. Estar no front, na maioria das vezes, é a única opção para uma Moving Black Girl.
Dessa forma, é seu papel buscar e produzir conteúdos diversos, que respeitem o protagonismo dessas mulheres e não silenciem seus nomes, miga.
Estamos juntas na construção de espaços mais representativos em que todas as mulheres se respeitem e cresçam juntas!