E depois de Black Lives Matter?
Miga, como anda o seu interesse por pautas raciais depois de Black Lives Matter? Essa é uma questão é estrutural, more. Vem entender melhor…
O caso Georgle Floyd trouxe primeiramente, um choque e indignação em larga escala nas redes sociais, num movimento muito importante de questionamento, por parte da branquitude, sobre sua própria condição de indivíduo dentro da nossa sociedade. Contudo, para a população negra, foi um mix de revolta, indignação e a sensação de perda que é, massivamente, parte do cotidiano das famílias pretas brasileiras nas periferias de nosso país.
Nesse universo virtual, questionou-se ainda, a visibilidade do protagonismo negro dentro das plataformas e enquanto criadores de um conteúdo relevante e repleto de subjetividades.
O Blackout Tuesday foi um movimento único de apoio ao movimento “Black Lives Matter” ou “Vidas Negras Importam”, onde, personalidades, marcas e usuários de plataformas digitais, compartilharam uma imagem preta com a hashtag Black Lives Matter, conscientizando a própria comunidade a rever a forma como a violência está dada para a população negra.
Entretanto, foto preta não é posicionamento político
Dito isso, vale lembrar que apesar de ser super importante participarmos de correntes como essa, a nossa mensagem não pode ser vazia. Hoje, todo mundo tem, por mínimo que seja, um poder de influência, portanto, transformar uma pauta racial em mainstream, faz perder o sentido do que realmente significa “Vidas Negras Importam”. De que vida estamos falando? E melhor… Por que só nos posicionamos no momento de tensão?
Posicionamento é importante, miga. Contudo, se ele não estiver interligado com o que você e sua empresa acreditam, será, mesmo nas melhores intenções, somente uma fotinha preta com hashtag.
O questionamento que fica é: como vamos explicar para a nossa comunidade que: sonhos, profissionais, artistas, intelectualidade e vidas negras, em qualquer parte do globo, importam?
O dilema do profissional negro
Em paralelo às fotos pretas no insta, uma demanda incrível de ocupação de pessoas pretas em perfis de pessoas públicas, não negras, surgiu. A iniciativa foi boa e houve grandes contribuições do protagonismo negro em perfis de destaque, entretanto, como esse cenário está hoje?
Fico incomodada quando a vida negra vira urgência para cumprir uma agenda midiática. Ou, por exemplo, quando os profissionais negros são massivamente convocados para marcar presença no calendário editorial de novembro (mês da consciência negra) e depois descartados para dar lugar a outros imediatismos.
Além disso, fica o dilema: o que esse profissional vai fazer no pós-novembro? Em outras palavras, qual é o comprometimento real das empresas na luta antirracista?
Não pode ser conveniência
Miga, o pulo do gato é entender que pessoas negras falam das mesmas coisas que você. Não nos convoque apenas para expor as nossas dores. É desagradável, e, em outras palavras… Somos seres múltiplos, com narrativas diversas e preparados para liderar todos os assuntos.
Nos chame para falar sobre Marketing Digital, Copy, Gestão de Conteúdo, Produção de Moda…
Afinal, o que é antirracismo?
Identificar o seu lugar de fala, e assim também, escutar as vozes silenciadas dessa sociedade. Para você entender melhor, o silenciamento que coloco aqui é uma espécie de “cancelamento estrutural societário“, miga. Se na Internet se cancelam perfis no Instagram, no mundo real pessoas são canceladas, desde o nascimento, do saneamento básico, saúde, moradia… E do direito de viver.
Sem florear termos: existe uma população invisibilizada nas ruas, assassinada em comunidades e esquecida do nosso imaginário e cotidiano. Por exemplo… você sabe quem foi Tereza de Benguela?
Portanto, por onde começar?
- Entendendo o que é Black Lives Matter;
- Compreendendo que a vida negra importa, pois, se encontra, majoritariamente, à margem da sociedade e exposta à violência;
- Visibilizando quem está nesse corre virtual lutando, igual você, contra algoritmos e contra o racismo;
- Levando essa pauta para o seu ambiente de trabalho e para outras migas.
Para ver mais
Vídeo: Uma breve história do movimento Black Lives Matter
Livro: O movimento negro educador de Nilma Lino Gomes
Por fim, é importante destacar que precisamos estar verdadeiramente dispostas a levar, com responsabilidade, esse tema para as nossas redes. Senão, vai ser só mais uma foto, um texto copiado e um repost.
Seja original, afinal… O seu conteúdo não é mais do mesmo né, more?