Iza e MAC Cosmetics: Produtos criados a partir da autoimagem
Produtos criados a partir da autoimagem? Sim, miga! Iza e Mac Cosmetics fizeram uma parceria incrível e você precisa entender da onde isso surgiu. Bora lá?
Iza e MAC Cosmetics: MacXIZA
No início deste ano, Iza foi convidada pela MAC Cosmetics, para conceber o batom “MacXIZA”, que possui um tom roxo e rosa intenso com acabamento amplified, capaz de criar a sensação de mais volume. A criação deste produto foi baseada, primeiramente, num questionamento da cantora sobre não se visualizar consumindo batons nesses tons.
“A cor deste batom representa libertação para mim. Evitava usar rosa, pink, roxo, vermelho, cores mais acesas, porque eu achava que esses tons não eram adequados para minha pele, eu costumava ouvir isso, inclusive. Achava que minha boca ficava grande demais e ainda bem que são coisas que eu desconstruí e entendi que não eram opiniões minhas, eram só noias que foram colocadas na minha cabeça.”
Iza em entrevista para Marie Clarie
O que isso tem a ver com autoimagem?
Miga, de que forma você percebe e enxerga a sua própria aparência? Essas percepções estão, frequentemente, muito ligadas às experiências de mundo, padrões, tabus e preconceitos enraizados em nossa cultura.
Mulheres negras não se enxergarem com maquiagens mais acesas, é só a pontinha do iceberg, mas, diz muito sobre o tipo de referências construídas em nossa comunicação. Neste texto aqui eu falei sobre como o racismo pode chegar antes e distorcer a relação que uma pessoa preta tem de si.
Desconstruindo mitos para o mercado
Iza é uma Moving Black Girl que ocupa um lugar relevante na indústria musical e, assim também, consegue colocar em cena algumas alfinetadas importantes para o mercado de consumo.
Isso pode ser super importante para você começar a enxergar todas as “Izas” presentes em sua comunidade. É, a princípio, aquele trampo de escuta ativa, olhar para além das suas vivências e experiências de compra e criação.
Desconstruir mitos no mercado é, de antemão, rever inserções. Não podemos criar produtos geradores de exclusões, miga.
O poder da nossa imagem
Qual lugar a mulher negra ocupa dentro da publicidade? Em quais contextos é inserida? Criar uma imagem positiva gera, em primeiro lugar, representação e identificação imediata. É relevante nos preocuparmos com a forma que representarmos as mulheres.
Na sua criação:
- Insira, desde já, mulheres negras em contextos felizes;
- Quer falar de mulheres de negócio? Referencie uma mulher negra;
- Crie narrativas onde a mulher negra esteja em contextos para além da violência ou do racismo.
Desejos de pertencimento
O consumo é uma experiência a qual deveria, de antemão, proporcionar possibilidades de escolhas mais igualitárias. Entretanto, quando vejo marcas criando produtos numa variedade de tons não compatíveis com a pele negra, questiono, de imediato, o viés desse produto. É para quem se identificar? Será mesmo que esse produto pensado para todas?
Sim, miga, uma mulher negra quer pertencer e, acima de tudo, se sentir poderosa! Entretanto, para isso você vai precisar, desde já, fazer aquela pesquisa prévia sobre subjetividades.
Aplicando na sua criação
Antes de tudo, pense na pluralidade. Reafirme lugares bonitos e afetivos para mulheres negras. A autoestima é uma questão seríssima, bem como, um dever comunicacional. Até quando será ok excluir pessoas negras do banco de imagem de criação ou, se quer, conseguir citar pelo menos cinco mulheres negras ocupando lugares de decisão?
Primeiramente, repense:
- De que forma sua empresa pode ser aliada, por exemplo, na desconstrução desse não-lugar da mulher preta?
- Você pode, e deve, fomentar discussões sobre este assunto, desde que, se comprometa com a prática antirracista.
Portanto, miga, se você entende que o mercado é cíclico e está mudando para mulheres, entenda que este é um diálogo caro. De que mulher estamos falando, exatamente?
Em suma, quando fazemos recortes, percebemos que existem histórias e apagamentos normalizados. Portanto, nossa missão é não deixar ninguém de fora, bem como entender que existem mulheres que nunca entraram.
Boas reflexões, miga.